Ah a paixão! Sentimento que promove frio na barriga e brilho nos olhos ao se deparar com a pessoa amada. Tudo se torna mais leve quando está na companhia de quem escolheu para compartilhar a vida. Mas, com o passar das vivências é natural que o casal se sinta mais confortável para ser quem de fato é.
Quando a rotina se torna presente nos relacionamentos, a paixão dá espaço para um olhar crítico em relação às características e comportamentos que antes não eram expressas e/ou percebidas. A relação pode sofrer impactos importantes, e se não cuidado, pode ocasionar o fim de uma história de amor.
Para que exista uma relação saudável é preciso compartilhamento de reflexões, respeito em relação às diferenças de posicionamento e opinião. Porém, nem sempre essas reflexões são passiveis de serem realizadas.
Demandas como essas são recorrentes em um consultório de psicologia. Mas de que forma a psicoterapia pode auxiliar? Vamos entender mais sobre isso?
O que e Psicoterapia de Casal?
A Psicoterapia de casal é uma das possibilidades de atuação da Psicologia Clínica. As sessões ocorrem em um setting terapêutico adequado, ou seja, em um ambiente livre de exposições e interrupções externas.
Os atendimentos são conduzidos por um (a) Psicólogo (a) com o objetivo de promover intervenções de forma ética, sigilosa, sem julgamento moral, para que o casal conquiste as respostas desejadas para a resolução das dificuldades enfrentadas na vida a dois.
Vale ressaltar que, para iniciar a psicoterapia de casal não necessariamente os envolvidos precisam ser oficialmente casados. Entende-se casal todos os relacionamentos, independentemente de uma união formal.
Com uma postura acolhedora e imparcial o profissional tem como função ser o intermediador do casal, ampliando as possibilidades de diálogos saudáveis, promovendo reflexões, auxiliando na modificação de antigos padrões de comportamentos que originaram os conflitos, enfatizando o respeito e a reciprocidade frente o posicionamento de cada um.
Como funciona a Psicoterapia de Casal?
As sessões acontecem semanalmente e possuem duração de 50 minutos, mas vale ressaltar que, a frequência semanal pode ser intensificada se for acordada entre as partes esta necessidade. Quando as bases dos conflitos são identificadas como intensas e enraizadas por anos, as sessões podem ocorrer duas ou mais vezes durante a mesma semana.
Todos os encontros ocorrem no mesmo horário e no mesmo dia da semana. Respeitar essas regras da psicoterapia é compreendido como o primeiro exercício terapêutico, já que em grande maioria, os casais não possuem tempo, hábito ou disposição para vivenciarem 50 minutos semanais para conversar, refletir sobre os comportamentos e os sentimentos ocasionados pela relação.
Alguns profissionais adotam a postura de realizar a primeira sessão individual, para que possa entender o que está acontecendo no relacionamento como um todo, conhecer a dinâmica psíquica de cada um, assim como, as demandas individuais frente às dificuldades enfrentadas na relação. Por exemplo, é comum observar que alguns comportamentos podem ser vistos como o centro do problema inicial, mas para a outra parte, este mesmo comportamento não justifica as crises do casal.
Dinâmica das sessões
Dependendo da dinâmica do casal o profissional também poderá solicitar sessões individuais ao longo da psicoterapia de casal. Por exemplo, se uma das partes é dominadora e não dá abertura para a fala do parceiro (a), o profissional poderá solicitar uma sessão individual enriquecendo a próxima sessão do casal.
Assim como na psicoterapia individual, a psicoterapia de casal demanda participação ativa, vale ressaltar que, o desejo da psicoterapia tem que prevalecer para os dois. Os temas abordados durante a psicoterapia são todos os que fazem referencia a relação entre o casal, ou seja, todos os assuntos podem ser citados, mas somente os que estão relacionados com a queixa inicial serão cuidados.
Mais importante do que as sessões semanais, são as reflexões do casal entre uma sessão e outra. É comum o (a) psicólogo (a) sugerir atividades para serem realizadas ao longo da semana, esses exercícios podem variar de acordo com a demanda do casal. Algumas atividades podem ser realizadas em parceria, já outras, são sugeridas com o objetivo de reflexão individual.
É válido ressaltar que o profissional não possui o poder de ditar o que cada um deve fazer, e sim, exercer a importância de reflexões entre o casal. O terapeuta sempre será apenas o facilitador e o casal responsáveis pelas escolhas e execução de mudanças de comportamentos.
Não é possível especificar a quantidade exata de sessões que serão suficientes para resolver as queixas iniciais, dependerá principalmente do comprometimento do casal em modificar padrões causadores de conflitos e na compreensão sobre a importância de melhorar a dinâmica da convivência.
Quando buscar a Psicoterapia de Casal?
As discordâncias e os conflitos podem acontecer com qualquer casal, porém quando a frequência se intensifica, provocando desconforto, desrespeito e a comunicação se torna complicada ou inviável é de extrema importância cuidar da relação. Ou seja, quando o casal percebe que não está mais sendo possível resolucionar os conflitos a dois, é importante levar em consideração iniciar o processo de psicoterapia.
Porém, a psicoterapia de casal também pode ser bem sucedida quando realizada de forma preventiva, antes mesmo do inicio da crise entre o casal. Realizar a psicoterapia de forma preventiva é promover autoconhecimento e sabedoria para conviver com os possíveis conflitos diários do casal. A psicoterapia como prevenção auxilia principalmente em evitar mágoas, ressentimentos, sintomas futuros do casal e de todos envolvidos nesta dinâmica.
Como saber se está na hora de iniciar a Psicoterapia de Casal?
Quando o casal se sente infeliz com o rumo da relação e compreendem que há necessidade de mudanças, independente se essas mudanças direcionam para o reencontro do amor, ou para o desejo de divórcio, é o momento ideal para iniciar a psicoterapia.
Cada relação é um universo de possibilidades, de vivencias e de fantasias. Para cada casal, a necessidade de iniciar a psicoterapia pode ter motivos diferentes, porém o objetivo das sessões sempre será a resolução dos conflitos e a eliminação do sofrimento.
Tão importante quanto pensar na psicoterapia de casal, é estar disponível a realizar reflexões individuais frente os problemas conjugais.
Ter a conscientização de que para o retorno do bem estar do casal é necessária a contribuição também em seu plano individual, ou seja, estar disponível a fazer questionamentos referentes aos próprios comportamentos e a compreender que ambos são responsáveis pela relação fragilizada.
É importante destacar que, psicoterapia de casal não é a solução para a separação, principalmente se o casal buscou terapia após anos de desconforto, mágoas e afastamento de vivencias. Mas quando a psicoterapia é iniciada de forma preventiva, a relação pode ser “salva” antes mesmo de pensarem na possibilidade do divórcio.
Há vários estímulos e situações que influenciam no progresso da psicoterapia, por isso os resultados dependem intensamente de como as partes vão se apropriar das reflexões originadas nas sessões.
Quais os motivos mais frequentes para a busca de Psicoterapia de Casal?
Há uma infinidade de possibilidades que levam os casais ao consultório de Psicologia, porém é presente com frequência casais com dificuldades de se readaptarem as Mudanças no Relacionamento durante as diversas fases do relacionamento.
Transições de ciclos no relacionamento:
Recém Casados: o choque do convívio diário pode provocar desconfortos na relação, ocasionando discussões. Sugere-se iniciar a psicoterapia de casal de forma preventiva até mesmo antes do casamento, para que assim, o casal tenha recursos de enfrentamento para conviver com as adaptações necessárias para um bom relacionamento diário frente à nova vida a dois.
Nascimento dos filhos: a função materna e paterna pode provocar o afastamento do casal. A adaptação a esse papel pode levar algum tempo, influenciando no entrosamento afetivo e sexual do casal.
Educação dos filhos: a discordância em relação à criação dos filhos também são causadores frequentes de discussões que influenciam a vida afetiva do casal.
Saída dos filhos de casa: a Síndrome do Ninho Vazio traz a necessidade de readaptação da rotina do casal, nesta situação podem deparar com um vazio não só da presença dos filhos, mas ocasionada pela falta de intimidade e vivencias entre o casal. Nesta fase a psicoterapia de casal é essencial para um reencontro, reaproximação e reflexão sobre a importância de se permitirem vivenciar atividades dedicadas exclusivamente ao interesse de ambos.
Dentro de cada item supracitado há uma abertura para demandas distintas, que podem ou não estar associadas a essas transições de ciclos, como por exemplo:
- Desinteresse afetivo.
- Desinteresse sexual.
- Descontentamento com o relacionamento em geral.
- Falta de admiração pelo parceiro (a).
- Incompatibilidade de valores e planos.
- Agressividade verbal ou física.
- Excesso de ciúmes.
- Relacionamento extraconjugal.
- Dificuldades para comunicação.
- Dificuldades financeiras.
- Dificuldades de relacionamento com as famílias de origem.
Buscar auxílio nessas situações poderá promover reflexões importantes para a resolução de tais conflitos. Permita-se ir em busca de uma relação mais saudável!
Aline Lisboa, Psicóloga Clínica do Lysis Consultório de Psicologia e responsável pelo blog Lysis Psicologia.